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Mostrando postagens de outubro, 2013
O culto de esperar toma tempo, e implico que este, passa rápido quando acordo no sábado, reclamo que anda demorando quando é domingo. Nessas buscas, de tanto reclamar, me disseram que eu beirava à estupidez como se não houvesse nada a fazer, e lembrei da minha mãe e do meu asco, andando pela casa bagunçando tudo ao redor e sempre se queixando de algo. É essa a ironia da vida. Você chora o tempo inteiro por algo que condena que façam, mas anda atrás do próprio rabo num ciclo pobre cometendo os mesmos crimes. Eu vejo isso acontecendo. Eu vivo isso, sou assim também. E ando descobrindo que não há ciclo melhor do que este, de me enxergar melhor a cada instante, mesmo que eu me sinta pequena, pobre, podre, lixo em primeiros momentos. Dá vontade de me perder, mas tenho dito que o oposto, me encontrar, me ganhar e sorrir para o espelho é a fase que mais dura. E quem sabe? Um dia deixa de ser apenas uma parte do ciclo. 
Era isso. Aqui o céu anda embaçado, cheio de nuvem soprando no meu rosto, perco o fôlego. Lá, eu deixava a noite me invadir, desde os treze anos eu preferia dormir de lençol, eu preferia o calor, aquele sono que nunca vem e que me deixava ver a lua pela janela. Daí eu parei de reclamar que a janela do meu quarto não dava pra rua e pro jardim, e sim pro quintal. Era disso que eu falava. Quando eu ia dormir com ela e depois dos beijos, do calor, de perder o fôlego, de senti-la inteira, não tinha nada melhor. Era a janela aberta, com a vista pro quintal. E a lua, como sempre engolindo a janela, meu corpo, meu gozo e o calor aos poucos indo embora. Era o tempo de ficar ali olhando até o sono levar a gente embora.
Quando penso no que poderia pedir aos céus, só queria apagar da mente todo e qualquer resquício de quem me faz tanto mal, mesmo que não abra a boca. Que me arranque todas as dores, e a falta do que não tive, do que faltou por todos os anos, da alternância entre o amar e o ferir, do amor superficial, da falta de moral. Que me faça escarrar com vontade a mágoa que nem sei que carrego, que eu chore e vomite o sangue pela hipocrisia, pelo sorriso pretensioso, pelas perguntas tendenciosas, e por de noite, procurar um abraço no lugar. Eu queria saber não precisar dele, pois sei que nunca vai chegar. Sei que daqui pra frente, a solidão e a vida numa mala, é mais certa. Não há tempo pra desculpas, não há como desfazer a merda, não tenho mais cinco anos. E já não quero medidas de quem me ama, de quem entende, de quem sabe exatamente a solução. Que eu devo sair, viajar, nunca mais voltar, beber, experimentar, tentar ou desistir. Eu nem comecei a primeira parte, que é realmente não precisar de
Como quiser senhor tempo, eu serei forte o suficiente. Mesmo que tente ser meu amigo, e me mostre os quadros graves em que posso ficar. Mesmo que salve a minha vida, me deixe sorrir abobalhada durante as manhãs, mesmo que depois me mostre que poderia ser apenas um ato de ilusão. Mas não é não. É a vida, passando. É o senhor me ensinando. Dando seus tapinhas nada sociáveis nas minhas costas em dias de cólera. É esse rosto de espanto a cada sexta feira, quando digo que nem dei bola pra você. É minha gargalhada ressoando mais alto e você, sem ter mais o que fazer me abraça e diz que também sente medo mas que vai ajudar a ficar tudo bem. E sua mania de me fazer escrever um dia inteiro e lembrar que está aí, em apenas um dia tão colado a mim que me faz mal. Quando acho que não posso me preocupar com você. Não devo olhar pro seu rosto, ás vezes ele me parece frio demais. Porque na verdade, é real. E eu sei, que nossa relação vai muito além dos calendários nas paredes, alarmes com músicas q
Mesmo com dias literalmente cinzas, eu posso ver cores por aqui. Se não tem samba eu ligo o rádio de lá, se está frio demais dá pra sambar e esquentar e se a saudade aperta tanto, essas gargalhadas deixam o quarto pequeno. Em busca de luz, eu sigo, porque só não estou. 
Cheguei ao refeitório enxugando o rosto, pensando em mil coisas tentando não pensar em nada. Cansada de pegar sempre a mesma comida, escolhi aquela banca vegetariana que nunca, nunca tinha fila. Até estranho isso. Mas, ai, deixar de comer carne tem me feito bem aqui. Olhei os ingredientes e com preguica de falar inglês, disse que queria tudo. Tudo junto. E o chef simpático me perguntou se podia por pimenta. Concordei sem vontade de saber o que aquilo ia virar. E ele, mais simpático ainda quis saber se eu era espanhola. Eu parecia espanhola. Não, Brasil . Melhor ainda , ele disse. América do Sul, linda América do Sul. Conheci mulheres na América do Sul que olha, eu me arrependi de voltar pra cá . Abriu a pimenta. Só um pouquinho , eu disse. E a panela ferveu. Decidi voltar lá mais vezes. Acho que esse cara me entende. E a pimenta, anestesiou minha boca, praticamente não sinto mais nada. Pelo menos por hoje.
Eu tenho medo de fazer promessas, sou uma cagona completa de dizer certas coisas. Vou lá e faço quando eu menos espero. Mas, voltando à promessa, percebi que não consigo ficar tanto tempo sem prometer nada. A mim, ou às pessoas que amo. E por anos eu tive um problema com elas, não com as que eu fazia, mas com as que faziam a mim. Era traumatizada com aquelas frases feitas, de quem realmente ama, não duvido, mas que pensa tão rapidamente e tão inconsequentemente que diz coisas incríveis, tão incríveis que não podem ser reais, nem no momento, nem nunca. Daí decidi não acreditar e nem fazer promessas. Até outro dia eu escutei "prometo" e pedi calma dentro de mim. Calma porque sinceramente, eu prefiro as surpresas da vida, do que a expectativa de uma promessa cumprida.  Mas na última semana eu mudei. Mudei porque fiz umas promessas a mim mesma. Mas nem tanto em um momento rápido, porque aí descobri que existem promessas que se estuda, se pensa e aí sim se diz. Óbvio que acabo
Sei que calma não é bem a palavra certa pra me definir. Aos que me conhecem de verdade, claro. E nunca gostei tanto de calmarias, dessas que deixam a gente no tédio. Mas ontem eu pedi pra qualquer deus, qualquer santo, qualquer alma, qualquer oração me encher de calma. E hoje, novamente eu peço. Que tire tudo desse corpo e deixe só a calma, porque mais uma noite se aproxima.
Lembrei subitamente da época em que eu esperava um dia inteiro, ás vezes até dois pra abrir a janela e escrever "saudade". Ela achava bonitinho, porque uma palavra só mostrava minha cautela com o que havia entre nós. E hoje, vejo no que transformamos. Aliás, no que eu me transformei. Fico me perguntando se é mesmo normal essa dependência, essa vontade de falar quase todo o tempo e a vontade de não esperar se tenho algo pra dizer agora. É bem aí onde mora o medo, de que tudo se desmorone de vez.  Desde o dia em que cheguei sinto uma amarra no corpo, como se segurasse todos os órgãos no devido lugar. Respiro, passeio, ando muito a fim de treinar essa adaptação que não tem sido fácil. Sorrio para fotos quase todos os dias, principalmente fins de semana. Mas não consigo me deslumbrar apesar de passar horas querendo me entregar ao consumismo, porque gosto dele, confesso. Não tô fugindo de nada, só gosto mesmo dele. Nem uso a palavra que demanda tanta adaptação e dor, simples