Como quiser senhor tempo, eu serei forte o suficiente. Mesmo que tente ser meu amigo, e me mostre os quadros graves em que posso ficar. Mesmo que salve a minha vida, me deixe sorrir abobalhada durante as manhãs, mesmo que depois me mostre que poderia ser apenas um ato de ilusão. Mas não é não. É a vida, passando. É o senhor me ensinando. Dando seus tapinhas nada sociáveis nas minhas costas em dias de cólera. É esse rosto de espanto a cada sexta feira, quando digo que nem dei bola pra você. É minha gargalhada ressoando mais alto e você, sem ter mais o que fazer me abraça e diz que também sente medo mas que vai ajudar a ficar tudo bem. E sua mania de me fazer escrever um dia inteiro e lembrar que está aí, em apenas um dia tão colado a mim que me faz mal. Quando acho que não posso me preocupar com você. Não devo olhar pro seu rosto, ás vezes ele me parece frio demais. Porque na verdade, é real. E eu sei, que nossa relação vai muito além dos calendários nas paredes, alarmes com músicas que me enjoam pela manhã, o sono me fazendo dormir na sala de aula. É sobre o meu cabelo, o meu gosto pelo vermelho e não mais pelo rosa, as rugas, o peito apertado por nostálgicas datas e sobre meus planos pro futuro. Quando penso em crianças, uma casa com cheiro de comida-na-mesa-pra -agora e a vontade de chegar o fim de semana não mais pra dormir, mas pra acordar e lembrar com os mais novos da vida que tive, que tenho e que ainda terei. 

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