Escuto os gritos que soltam até saliva, da boca do meu pai. Senti falta de parte (pequena parte) da minha infância, quando eu e ele, brincávamos de ninar minhas bonecas, e nos policiávamos para não falar alto dentro do quarto, 'se não, elas todas vão acordar', eu pedia. Talvez, nem ele se lembre disso. Acho que ao longo dos anos, os gritos foram tantos, que é realmente difícil, mas eu me lembrei daquelas cenas. Lembro do meu pai, bem mais humilde, sei que foi por pouco tempo, mas ele me viu brincar, correr, andar de bicicleta e sei como ele ficava feliz com isso. Mas logo, eu cresci um pouco mais, e pude entender as brigas, os motivos do gritos e dos machucados. Aos poucos, fui me fechando, num casulo que embora pequeno, era só meu, e era isso que importava. Acredito que meu pai nunca teve vontade de olhar bem fundo nos meus olhos. Ás vezes, acho que por medo, ou culpa. Ou porque nunca teve essa vontade mesmo. Talvez seja bobeira acreditar que sentiu culpa, ou prefeiriu me deix