O vento frio me deixa a vista, experimentação, medo, fúria, crise. Mas por incrível que pareça não quero jamais voltar a me acostumar com o mundo conforto. Se ele um dia voltar a me acolher, acalentar, ou simplesmente a me olhar de um jeito amoroso, trato logo de verificar se é verdadeiro, se é limpo, se não vai mesmo machucar. Até lá, sigo enfrentando esse pedaço de gelo que se instala aqui dentro.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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