Sob a meia luz do quarto levanto sentindo dor no pescoço, mau jeito por ter cochilado em cima de tudo que estava na cama. Me esqueci do quanto estou cansada e disse que ia sair hoje. Saí contando como se fosse a coisa mais legal do mundo e nem é. Me esqueci que fazer amizade pra mim parece um desafio enorme, e que o fantasma infeliz conhecedor dos meus pontos fracos volta e fica perambulando. Fiquei horas pensando sobre esse discurso que as pessoas fazem, olhando pra minha vida e pensando em quantas bocas e histórias elas já pousaram enquanto eu simplesmente amava uma só mulher. As pessoas não são muitas, só são consideráveis. As pessoas me consideram, mas são poucas. Sempre preferi assim, mas me confundem, e em um momento elas somem. Voltei a trabalhar, acendi a luz e não arrumei a cama. Tomo um banho logo, boto a roupa de frio e desejo que eu não me arrependa de sair do apartamento.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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