A água não dá pé. Por vezes eu enxerguei o fundo conseguia andar e sentia tudo bem fresco. A gente finge que vê assim com um ar de casualidade algo que já está pra lá de complexo. Sabe que vai afundar, quiçá afogar nesse rio que hoje já está escuro demais, mas não desiste. Minhas metáforas são podres eu sei. Mas é que não sei dizer nada puramente claro. Me falta o ar, eu nunca encontro as palavras mais objetivas. É um mal sempre me perder nisso. Nas palavras e não saber chegar a uma simples conclusão. Dou voltas e voltas no mesmo lugar, minha cabeça se confunde, se perde. Minha mãe em relances na frente do espelho, me pergunta sobre seu vestido novo. Respostas monossilábicas enquanto aqui dentro gritam tão alto, mas tão alto que a única grande frase que consegui dizer foi "fecha a porta do quarto pra mim, por favor?" num tom nada agradável. Eu não quero machucar ninguém, mas olha, estão me ferindo por querer, enxergam? Eu tenho uma porção de coisas boas aqui dentro pra serem entregues a alguém, as minhas mãos tremem 'e se não for exatamente isso?' como vou dizer? Na primeira oportunidade eu corro pra dentro do quarto e olhando pras cortinas reagirem contra o frio lá fora, busco mais uma vez, alguma resposta pra algo tão simples. Se eu sumir de todos os lugares prováveis, acreditem que foi o melhor. Eu não sei até onde vai a amizade, se começa amor, se eu já amo, e se deveria jogar tudo que tenho fora e começar tudo outra vez. Vez em quando eu abaixo a cabeça na água e vejo o quanto tempo consigo ficar sem respirar. Afinal de contas, preciso prevenir acidentes. Caso eu esteja mesmo indo fundo demais em qualquer coisa, preciso aprender a afogar sozinha e a sobreviver depois de voltar à terra.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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