Eu tentei esquecer de tudo. Mas hoje, só hoje quero me esforçar pra lembrar de volta. Da despedida na rodoviária. Do blues na pracinha e você falando do meu olho enorme de criança. Do cuidado e da proteção instintiva, até com sexo. Das malas chegando na minha casa. Do wisky com energético na piscina e tantas gargalhadas. De quando eu tive medo de me despedir com um beijo. De você pedindo pra eu não te chamar pelo nome composto completo. Das vezes que disse que eu estava linda. De quando me levou pela mão. De quando chorei de medo de um cachorro e você se assustou. Da pizza na pracinha. Do guarapan na pracinha. Do seu presente de natal. Do meu presente de natal. Dos cafés de manhã com ovos e tudo mais. De quando preparou um jantar pra mim. Do cappuccino de noite "pra dormir melhor". De quando leu Hilda Hilst pra mim, depois de uma conversa estranha, verdadeira e com muito álcool. De quando chegou na minha casa de surpresa. Das conversas e de quando me viu mais do que como uma menininha. (...)

Bom, claro, tem mais coisa, mas até aí já deu pra eu lembrar e ter minha parcela otimista. Sei lá se faz sentido. O lado bom existe. O lado ruim eu só quero me lembrar amanhã. 

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