Passei o dia questionando a amizade. O dia todo, pensando em como foi construir uma amizade durante anos e algo desmoronar como castelinhos de cartas de baralho. Fim do dia, teria que ir a uma festa, chá de bebê com o bebê bem presente. Uma prima que nasceu querendo fazer parte de tudo, tanta pressa teve que me recebeu junto com os balões cor de rosa. Festas de família parecem chatas assim, de cara. Mas depois de passar o dia me lembrando de quem são as pessoas que podem e conseguem fixar meus pés no chão junto com abraços, eu me dei conta de que família é sim a melhor e maior amizade que pode existir. A avó me esperava com ânsia, e eu não havia entendido o motivo da alegria por minha chegada. Foi nesse abraço que senti com uma força incrível o carinho de alguém que eu não via há anos. "Você não sabe como eu fico feliz em te ver aqui". A voz ficou trêmula e algumas lágrimas desceram. Inúmeras pessoas que eu não via a tanto tempo, e logo agora, quando eu mais precisei, apareceram. Enquanto eu gargalhava com um primo que sempre me fez muito bem, a bebê permanecia em silêncio, no canto. E depois de calcular milimetricamente todos os pontos positivos, me ajoelhei diante dela. Alice, de nome lindo e forte. Veio com pressa e com vontade de chegar do tamanho do mundo. Chegou na hora exata, enquanto a vida corrida das pessoas faz com que eu até desconheça a família pelas ruas da cidade. Ali, naquele silêncio e sono profundo, depois de ter cansado tanto as mulheres, correria pra cá, pra lá, "Alice já quer nascer! E tem de ser agora!", ela nem imagina... o quanto fez unir as pessoas daquele lugar. A cada abraço e um suspiro por matar a saudade, eu sorria em sua direção. Obrigada Alice. Seja bem-vinda.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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