Esses dias, que geralmente os homens dizem ser os infernais (e talvez até sejam) vão além de qualquer reação orgânica dentro de mim. E como ariana fiel que sou à minha natureza, quero e sempre tento fazer deles, os dias mais produtivos. Um desenho, qualquer tipo de produção que é pra eu me sentir melhor comigo mesma. E a tendência feminina quando nervosa é sempre meter os pés pelas mãos. Não que eu desenhe com o pé, mas falo de não sair nada, nada do lugar. Um ciclo que me empurra devagarzinho pra dentro do quarto às nove da noite, me ajuda a jogar os edredons de qualquer jeito, boto pra tocar um álbum muito provavelmente dramático, começo com alguns questionamentos clichês sobre tudo que anda acontecendo como se fosse o fim do mundo, e deixo alguma lágrima cair, até pegar no sono. Mas se tem uma coisa da qual me orgulho muito, é de ter nascido mulher. Da carne forte, do coração forte, da ansiedade em viver o agora mas pensando tanto lá na frente. E mesmo com o quarto bagunçado, tento organizar as coisas aqui dentro. E se tudo parece perdido hoje, amanhã estará perfeito. Porque se tem sexo frágil nesse mundo, olha, te garanto amanhã bem cedo de que não sou eu.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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