Me deu um medo de mim. Acordei num impulso, como nos dias em que usava armaduras pelo corpo e não acreditava no amor. Como se não tivesse amado por tanto tempo. Levei o dia com um pedaço de raiva pendurado no pescoço, seu eu mesma ver. Era melhor gritar por hoje mesmo. Fiz tudo nos conformes de um dia normal, escutando os gritos da minha mãe. Ela está sempre insatisfeita, a pobre. Com tudo e com todos. Mas eu via em seus olhos que aqueles gritos podiam ser substituídos por pequenas frases, de mesma relevância ou talvez mais cruéis. Era isso que ela queria. Escutei tudo, mais um dia, com ânsia de poder vomitar pela casa coisas que guardo há tempos. Melhor não, melhor não. Um sorriso no meu rosto é uma ameaça a felicidade do resto. Reclamações, resmungos e afins. Foi quando escutei que eu, sou uma vergonha. Vergonha para a sociedade. Uma ameaça. Várias e várias vezes... e eu ri. Ri alto, como se eu fosse mesmo uma vilã. Era melhor tratar tudo assim. Vergonha, não seria talvez, ter que se portar como todo o resto do mundo, por ser incompetente à ter uma personalidade? Não seria se calar diante de um mundo corrupto, racista, homofóbico, por ser conveniente? Isso é motivo de vergonha. Sinto vergonha por vocês, que para se portar como normais, se calam.
Agradeço à Deus, por esses dias de raiva pendurada no pescoço.
E por ter amor demais dentro de mim.
Por eu ser assim, como Ele fez. Como Ele me criou.
Agradeço à Deus, por esses dias de raiva pendurada no pescoço.
E por ter amor demais dentro de mim.
Por eu ser assim, como Ele fez. Como Ele me criou.
Comentários
e rezo tbm para os vilões de bom coração.
ficaadica!