Eu sempre soube que passaria por certas fases e certas situações. Mas ás vezes, quando a prática acontece, mexe mesmo comigo.





Entrei com meu irmão mais novo na escola, já fiquei de orelhas em pé. Sei que ele sofre bullying há um tempo. Não parece ser "tão bulliyng" assim, mas eu exagero e faço questão. Porque é meu irmão. Ás vezes, sinto parte da responsabilidade sobre mim, quando conto minha idade, e a dele. Dói ver que eu não sei fazer quase nada.

Duas garotas, conheço de vista, de nome, características burguesas e patrícias mirins da vida. Argumentos brilhantes também, quando o assunto é educar um garoto. Elas dão aulas de bons modos aos meninos que comem meleca. Sempre que chego, elas parecem moscas com comida. Eu sou a comida.Meu irmão se apreende. Parece querer manter certa distância entre eu e elas. Eu forço o fluxo contário. Elas de um vez, se aproximaram:


- Essa é sua irmã?
- É - tímido. Olhar repreensivo.
- Me deixa falar com ela? - De mãos dadas, sorrindo feito duas loucas.
- Não. - Tapou meus ouvidos.


Tirei as mãozinhas dele, e deixei claro que queria saber do que se
tratava. Ele pediu que falasse primeiro. Eu afirmei que era direito.
Sussurrou no meu ouvido. Entendi a história. Seu amigo que frequentava
nossa casa, me viu abraçando minha namorada. Disse a elas que eu era
sapatão. Deixou claro. Conseguiu associar? Não. A prima dele, namora meu
irmão e a família dela sabe de tudo. Nunca me trataram mal. Mas veio
isso agora. Terminei de ouvi-lo sorrindo e me virei para as sorridentes
garotas. Pedi pra que contassem. Pareciam duas hienas.


- Ele disse que você é sapatona - se olharam, as hienas.
- Eu não, foi o... - tentava me explicar mais um vez.


Disse que sabia que ele não falaria aquilo. Sabia quem tinha sido. Olhei
para as meninas, sorrindo mais do que elas. Perguntei se haviam fotos,
vídeos ou algo concreto que pudesse deixar mais claro. Disse que não,
não era verdade. Elas, ainda sorrindo disseram que não havia nada. Meu
irmão voltava a respirar normalmente. Pedi que, resolvessem comigo, caso
surgisse outro rumor. Afinal, era de mim que falavam. Perguntei se
havia outra dúvida. Não havia. Uma delas se desculpou, roendo as unhas.
Percebeu que começava a fazer merda. Deixei claro que por mim estava
tudo bem. E as hienas voltaram a andar pelo pátio.


 Doeu. Muito. Meu irmão se sentiu aliviado de me ver sorrindo. Pedi que
ele me contasse tudo dali pra frente. Fez que sim com os olhos. Não sei
se ajudei. Senti que atrapalhei e atrapalho ainda. Necessito da minha
própria vida, se possível distante dele. Senti dor por concluir isso.
Ver que ele corre riscos por querer me defender e me proteger, doeu
também. Ele sabe, entende, mas ás vezes se esquece e me pergunta quando
vou conseguir um namorado. Outra vez, enfrentou garotos, no mínimo dez
anos mais velho que ele pra dizer que a vida era minha, e eu, namorava
quem eu quisesse. Ele só tem nove. E já entende sobre vários amores.

Comentários

Luiza Paulino disse…
As vezes o preço parece ser alto demais, nao é?
J.V.Kaisen. disse…
É preciso ter muita coragem pra postar algo assim. Tão forte e decidido. Mas pense que se o preço é alto, a mercadoria vale muito a pena... Bom, é um jeito de se sentir melhor, menos insegura.

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