Fico na sala sozinha, mas evito o quarto. E os desenhos vão ser colados na parede, pra eu voltar. As fotos talvez vão sumir. E parei de escutar alguns discos. Não sei se sinto falta, por costume, ou por faltar mesmo. Mas estou viva, precisando de tudo novo. Então, as paredes vão deixar de ser brancas. A janela vai dormir aberta. Que é pra eu voltar logo.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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