Confesso enfim. Sim, eu confesso que ainda há algo fora do lugar. Que me incomoda, tira um pouco minha fome, e ás vezes dá ânsia. E eu sempre esperava passar, deixava ir embora, sabendo que voltaria. Mas é que ainda não encontrei a solução, se é que existe. Mas é desgraçante, desgraceira, é uma desgraça eu não conseguir mais deixar as lágrimas rolarem. Não encharcar mais o travesseiro, não sentir dores de cabeça, de tanto chorar. Sim, eu tenho motivos. Mas cá estou, pálida, tentando não criar expectativas e nem me lamentar pelo passado fracassado. Fico entre o medo do futuro e o pânico do que deu errado antes. Desgraçado medo.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
Comentários
Forte. Mas uma das coisas mais bonitas que já li...