Como marionete, totalmente sem controle. Alguém grande demais pra conseguir enxergar lá debaixo, pega pelos braços e a troca de lugar. Casa, estrada, casa, quarto. Ás vezes lhe coça a barriga, lhe sangra os dedos com tinta, a faz correr principalmente. Deve ser engraçado assistir a tudo isso. Quase um espetáculo sem espectador. Porque é só a marionete sem controle, seus braços finos, as pernas longas e o caminho longo, distante debaixo do sol de papel. Vez ou outra chove, as cores desbotam, e o controlador vem fazer ela dançar com qualquer tom, qualquer som, pra puxar a linha da boca que faz o sorriso sorrir. Ás vezes cola, ás vezes a linha repuxa e ele emenda com um drama se a boca embola, jogando gotinhas nos olhos, entorta o pescoço e narra mais um conto, que conta devagar, como é que ela foi parar ali, sozinha, outra vez.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
Comentários