Um monte de palavras espalhadas por minha cama. Era assim que via tudo quando cheguei em casa, já de noite. Depois de tudo e mais alguma coisa. Acordei, vi aquele como o pior dos dias. Nada de sair. Olhava pela fresta da janela, o sol forte no meu olho era um convite, talvez à libertinagem como minha mãe dizia. Cuidado com o que as mães dizem. Minha cabeça girava em torno da minha covardia e do meu amor a todos. Seria mais um dia pra chorar em meu quarto, como tem sido todos os dias. E o sono vem como um remédio, pra eu esquecer por segundos da realidade. Sinto muito medo quando minha cabeça pede isso, essa fuga da realidade. Um dia, as coisas podem ficar realmente preocupantes e eu sei que vou tentar fugir da realidade, talvez da pior forma possível, porque minha cabeça pode não estar correspondendo apenas ao sono como refúgio. Dormi, levantei outra vez. Tentei falar, soou infantil e idiota, foi como dizer às paredes. Não, nunca vão me entender. Sinto nas costas o peso de ter nascido, o peso de tantas vezes ter ouvido que não devia ter feito isso ou aquilo, as vezes sem saber porque o fiz. Não posso amar. Não posso se quer revelar felicidade com um sorriso ou um caso sobre um amigo. Não vão olhar com bons olhos, penso. Então, é melhor me calar. Foi isso que fiz durante todo o dia. Minha cabeça pesava, o sono vinha a tona e revezava a cama para ler também. Deu uma vontade de subir no telhado da casa, pra ver o resto do mundo e gritar socorro. Mas não, sei o quanto sou covarde. Me sentei no jardim, plantei uma muda de lírio no canteiro. Foi a primeira vez que sorri, meio escondido.
Enfim. Talvez tenha sido o lírio. Porque o dia terminou bem. Pelo menos, por enquanto!
Enfim. Talvez tenha sido o lírio. Porque o dia terminou bem. Pelo menos, por enquanto!
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