Deitada na cama, com a visão meio embaçada. Uma cólica absurda, a pressão lá em baixo e começo a recaptular o que foi meu inútil dia. Ouvindo JD Natasha, como nos tempos de solidão maior, há muito não sentia isso, assim. Não podia entrar na internet, mas mesmo assim, não fiquei tão insatisfeita. Um desânimo horrendo de abrir a boca, nem pra falar. Uma vontade de chorar a cada música que começava. Saudade. Muita saudade. Você podia estar aqui, pra ver que eu sei sim chorar. Mas acho que se me ligasse, brigaria por não poder estar conversando agora. Desculpa, mais uma vez. Mas me sinto fraca, cansada. Isolada, perdida. Ainda tenho forças, eu sei. Mas tomou conta de mim, essa vontade de me enterrar em cobertores, mesmo com esse calor, e só sair se houver um sol intenso. Porque agora a noite, o céu parece vermelho. E eu não consigo ver as nossas estrelas daqui.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
Comentários