Seis de setembro de dois mil e nove. Eu peguei meu medo guardado no bolso e joguei em cima da minha cabeça, deixando cair no meu rosto, como um líquido penetrando na minha pele. Ainda ficou um resto no bolso. Mas só você viu. Você e a Táta. Chorei junto com você, e a Táta tentava acalmar a gente, cantando. É assim que eu vejo tudo. Ou uma parte. A outra parte, as bonecas me contam como é.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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