12 horas. Parte 2.

Subimos com fôlego de quem acabava de nascer. Talvez fosse
a mesma sensação que sentimos, depois de conseguir dizer
que renovamos e recriamos o que chamam de 'ficar a dois', 'a
duas'. Duas que acabavam de nascer e subir a serra com total
fôlego e energia de uma criança que há pouco nasceu.

Chegamos procurando o melhor lugar. Claro, merecidamente o
melhor lugar. E nem percebemos ou observamos onde seria
esse melhor lugar. Somente pensamos e unanimamente fomos
para o mesmo canto. Uma grama, na beirada d'agua um
mundo de árvores, aquele arzinho gelado depois de um calor
escaldante. Cada segundo parecia perfeito.

Te entreguei uma caixa vermelha, um embrulho tão simples,
realmente parecido a mim, com uma corda mal feita. Foi tudo
que consegui fazer. Sempre me vem um medo enorme, olho
pra você e espero a ação do seu rosto ao ver tudo. Por mais
que eu saiba que se um dia não gostar, sua feição pode
chegar a me enganar comum sorriso parecido aos anteriores.
Mas acredito que gostou, do mesmo jeito que amei todos os
simbolos que você criou e recriou pra nos representar dentro
de você e de mim.

Um belo passeio dentro de você eu fiz. Antes mesmo de
reconhecer onde eu estava naquele momento, sabia que não
ficaria ali durante o dia inteiro. Olhei pra você e permaneci
assim por segundos. Sempre faço isso a fim de me fazer
acreditar no que estou vivendo. É demais pra mim, uma
menina que simplesmente não acreditava no amor. Em nada
disso. Olhei a fundo, em todas as suas feições, cada
movimento seu, cada traço mais do que perfeito e tentei
buscar a razão daquilo. Por que? Esse seu cheiro fica em mim
e por que não consigo mais imaginar em ficar sem ele
agarrado no meu pescoço? E se... chega! Me cansei de ser
pessimista quanto a isso. Meu destino é um só, enfiei na minha
garganta. E é do seu lado pra sempre. Não vou perder isso.
Mesmo que o pra sempre, sempre acabe com outros. Me
desculpem. Só acredito vendo.


(Continuo)