Meu pai saiu atrás de mim, de carro, depois me ligar por duas vezes e eu dar 'end'. Quando atendi, na terceira vez que ele ligou, me pediu: Por favor, me diga onde está indo! Não minta mais pra mim!
Me senti culpada, como há tempos não me sentia. Me lembrei que sempre disse que odeio dar trabalho aos outros, principalmente aos meus pais. Pode não parecer, mas os amo e os prezo. Já fiz enormes contas de telefone. Já os iludi dizendo que iria gostar de um curso na faculdade. Já os fiz quase desistir de mim, quando voltei pra não encarar o maldito curso. Já os fiz ficar por noites acordados, por medo, por raiva, por ansiendade, por angústia. E logo eu, que odeio dar trabalho.
Tenho hoje, certeza do que sou e o que quero. Só ainda, não sei como fazer as coisas. Odeio cerveja, e minha mãe fica feliz por saber do meu nojo pela dita cuja. Para compensar, tenho agora um apreço por vodka e montilla... que podem virar meus próximos refúgios. Sou de fogo. Tenho medo mas sobra coragem. Tenho meus piores momentos, embalados por lágrimas e um monte de palavras. Por poucas vezes, eu consigo nessas horas especificar o que sinto. Quando eu acordo, vejo que bagunça fiz ali, onde fiquei. Sou impulsiva. Me esqueço de um bocado de coisas importantes. Falo tanto com quem realmente confio, que me magoo ás vezes. E magôo elas também. Para não machucar meus pais, não digo onde vou mais. Para não magoar eu prefiro me acostumar com o jeito de ser do outro. E quando for o dia em que vejo tudo que fiz, sofro, choro, e me refugio por aqui. Talvez, meu mundo seja pequeno demais. Talvez quase ninguém além de mim, entre nele. Talvez, se eu deixar muita gente entrar, bem, todos vão me enlouquecer falando porcarias no meu ouvido. Eu queria hoje, dormir ao lado da minha mãe, mesmo lembrando de todas as vezes que apanhei. Não quero escutar mais gente na minha cabeça. Tanta porcaria, futilidade, minunciosidade, tanto dinheiro. Ou todos devem morrer, ou eu tenho que fazer isso. E se minha vida estiver por um fio, por favor, me passe a tesoura, bem ali, em cima da mesa. Foi ali, no mesmo lugar que meus pais disseram da vergonha que sou, que meus parentes escutaram aflitos a mais uma loucura que cometi. Foi ali que por vezes escrevi pensando no amor. Foi na mesma mesa, que delatei o que sou, o que quero. Estou por fazer. Mas se minha vida chegar a um fio, por favor, me passe a tesoura, bem ali.

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