Não deveria ter visto aquele filme.
Ainda é dia dois. Eu fico esperando os dias passarem pra escrever por aqui. Vontade que me engole as vezes, me deixa insana e eu penso demais, coisa que alguém como eu não pode fazer muito. Não consegue, melhor dizendo. Hoje, mais uma vez, me veio tudo, toda aquela sensação. Como se fosse ontem o dia em que tudo se foi. Se perdeu, como escutei. Mania minha de achar que meu telefone está fazendo algum barulho. Mania de achar que vai aparecer quando meu estômago ficar ruim demais e vai dizer pra eu ser forte. Mania de pensar em coisas e me iludir. Mania de sorrir lá fora, sozinha lembrando de coisas. Mesmo que tenha sido rejeitada, deixada de lado. Mania de achar que vai chegar com cinco lírios amarrados em uma fita talvez amarela, que vai chorar e dizer coisas que só fazem sentido pra mim. Eu recaí. Eu sempre soube que recaíria. Cheguei a avisar. E sei que vai acontecer mais vezes. Mas é que nas últimas noites, tenho tido sonhos... como nunca aconteceu antes. Sonhos normais, cotidianos, nada anormal. Mas nunca havia acontecido antes. E quando acordo, dá vontade de voltar a dormir. Mesmo sem sono. Queria poder te contar tudo isso, sem que você risse na minha cara. Sei que é impossível. E é incrível como me submeto à dor, simplesmente pra escrever e relembrar cada sonho, e cada cena aqui. Me pediram pra que eu esquecesse. Eu pedi pra esquecer. Muito. Mas sei que até lá, recairei. Não sei quantas vezes, mas recairei. Eu quase sempre me submeto à dor pra que alguns versos ou frases saiam bem feitos. Mania minha de achar que irá me elogiar. Ou dizer que, alguma vez então, te surpreendi. Mania minha de achar que te conheço demais, mesmo lembrando que te conheço mais do que a mim mesma talvez. Mania de olhar pros lírios e rir, como faço quando me sento lá fora e espero o tempo passar. É, eu recaí. Recaí porque escrevi, somente. Não saberia se eu não deixasse isso aqui. Não saberá, porque sei que não se dá mais o luxo de ler coisas daqui. Não mais. Disse que iria definitivamente. E mesmo que fosse, estaria. Mesmo que tentasse esquecer, lembraria. Eu continuo sorrindo. Nunca estive tão feliz. Ah, eu quase nunca consigo mentir não é? Não, eu nunca minto. E não mintamos, nos conhecemos demais. Eu estou sim feliz, só não gosto da parte que acordo, e me lembro das últimas frases. 'Más palavras', disse o moço das cartas. Eu não imaginava o que seria. Ele disse que eu estaria feliz, e veja bem como estou! Mas algo, não sei ainda o que é, está fora do lugar. Eu vou pedir mais uma vez, pra que não mais eu volte com o propósito de desvendar o que está errado. Pedir pra mim mesma, antes de dormir. Queria muito, não ter essas manias que citei acima. Queria muito, não te conhecer metade do que eu conheço. Pela primeira vez. Porque poderia inventar mil motivos pra uma última olhada naquela rua, mas o que mais persiste, sei que negaria até a morte. É, acho que te conheço bem. Bom dia. Já é dia três de dezembro de dois mil e nove. Tentarei não lembrar o que estávamos fazendo há um ano atrás.
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente.
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente.
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