A torneira gotejava sem parar, contando os segundos. Comi com fome, ansiedade, tudo aquilo que fiz, de aparência não muito boa. Olhei pra cima, algumas roupas penduradas, já secas, talvez fosse hora de apanhá-las. Atrás das roupas, a visão era melhor: algumas plantas, aquela grama baixa, uma piscina suja e meu cachorro com cara de cansado. Cansada estava eu. De brigas, de gritos. De mim, que já não parecia eu mesma. Há pouco atrás, havia conseguido ter as mesmas sensações do tempo em que sabia de tudo sobre mim. Mim, eu, sei lá. Fiquei pensando o que este natal preparou pra mim, e me senti cansada de sonhar. Alto demais, não posso. Me enfraqueço, tentando convencer outras pessoas de que é possível, e quando mais preciso, me encontro no quintal, contando os segundos junto com uma torneira perseverante. Acho que, essa data pra mim já não faz sentido nenhum, vejo pela cara do meu pai quando as contas chegam e ele não parece nada receptivo. Tudo é simbólico demais. E hoje à noite, sorrisos aparecerão. Preciso me lembrar de saber distinguir os de verdade, para poder aproveitar a noite.
Talvez seja hora de parar um pouco, com tudo isso. Quem eu quero, está comigo, e me mostrou que tudo pode voltar a ser como era sim. Assim, subentendido. Mas pode. Talvez seja hora de renovar as energias, pra cansar depois. Mais tarde, daqui a uns anos. Talvez seja hora, de apanhar as roupas secas, fechar a torneira que goteja, me levantar e tomar um banho.

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