Mergulhei debaixo do lençol e coloquei minha cabeça debaixo do travesseiro, como de costume. Não, eu não estou preparada para recomeçar sozinha. Se é que um dia estive acompanhada de verdade. Fosse nas horas ruins, eu me sentia só, e se não me esforçasse para encontrar quem queria, continuaria a me sentir só. Mas, pensando bem, não estava preparada quando dei aquele beijo, nem quando parti, nem quando me entreguei de corpo e alma. Aliás, preparada não é meu melhor adjetivo. Corajosa, talvez seja melhor pra mim. Tenho tentado não dar de cara em postes altos demais, tenho tentado olhar bem para o chão, e ver se não há nenhuma corda para me fazer cair. E, geralmente, quando vejo que há alguma, faço amizade com a pessoa que segura a tal corda, tentando a convencer de não deixá-la ali. Mas, será mesmo a melhor coisa a fazer? Eu não deveria dar um chute no carinha da corda, fazer ele cair no chão e dar o fora? Não entendo essa minha mania de agir de forma totalmente inesperada nas horas mais malucas da vida. Eu sei que não estou preparada nem para correr, e nem para cair no chão e levantar sozinha, me segurando pelas paredes. Sei que sozinha, eu não teria lá muitos amigos, como não os tenho em alta quantidade mesmo. Sei que, sofreria muito, como já estou a sofrer, mesmo que você diga que sofrimento é opçional. Mas dentro de mim, algo começa a morrer aos poucos. A esperança de voltar a sonhar com precisão e de lutar por esses sonhos. Minha vida era sonhar. Mas foi a uns anos atrás que, resolvi ter a tal coragem pra realizá-los mesmo que não estivesse preparada pra nada. Tenho mania de pensar e calcular o que tenho, para ver que sozinha, eu posso sim ser feliz. Mas, bem. Nada disso ao meu redor me satisfaz. Eu nunca lutei tanto pelo abstrato, e te digo, é complicadíssimo quando o resto do mundo pensa diferente. Poderiam me entregar a vida tão sonhada de muitas pessoas, vida de riquezas, de materiais, de coisas valiosas, vistosas. Mas sei que não é bem isso que quero. Pois, me basta um coração verdadeiro, me querendo bem, sinceramente bem. Me basta o verdadeiro ato de amor. Me basta carinho, compreensão, ajuda, proteção. É por aí, o caminho. Não pela corda, nem pelos muros altos demais.

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