Vivo num lugar, em que se você não for independente, você dança. Financeiramente, ideologicamente ou socialmente, se você não preencher um desses quesitos, você está realmente dançando. Com nove anos, eu tinha quase certeza de que seria freira. Nessa idade à missa sozinha. Hoje, sei que não era nada disso, mas sei bem o que quero, e se tiver alguma dúvida, não posso ser tola de deixá-la escapar pela casa. Tenho três irmãos, mais novos. Somente um, o caçula, não sabe de nada do que quer, e por isso, simplesmente pede o tempo todo, achando que assim vai descobrir. Os outros, sabem bem como é criar uma ideologia, que seja egocêntrica, livre, intelectual, pobre, rica, detalhada, simples, complicada, e muitas vezes, ousada diante da sociedade. Temos nossos amigos, que não são nada parecidos, e um não tem muitos amigos, por escolher assim. Crescemos aprendendo que, se você não tiver argumentos suficientes para defender o que você é, e o que você quer, você dança mais ainda. Até hoje, posso ver nos olhos de cada um, andando pela casa, tentando ensaiar o que dizer, 'se perguntarem', e muitas vezes, não dá certo. Mas tentar é o que há. Na minha casa, essa é a parte que não nos deixa ficar juntos. As ideologias se chocam, e argumentos, defesas e contradições saem esvoaçando pela casa, ás vezes quase explode tudo. Aqui, você tem que ser forte. Aparentemente, pelo menos. Tem que se mostrar mais forte do que é, se possível, não deixar que lágrimas escapem na frente de outros. Mesmo que não seja, diga que é: forte, decidido, nada persuadido e se possível, ter um certo poder de persuadir. Aqui, abraços e beijos, não significam tanto quanto em outros lugares. Aqui, tem de lutar pelo que quer, mesmo que seja sozinho, sem nenhuma arma a seu favor e ainda sorrir. Deixe o drama pra depois, quando se entra aqui, a idéia e meta que se adquire, é que crescer dói, mas é preciso urgentemente fazê-lo.



Se não tivesse você, nenhuma força real eu teria.

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