De repente me caiu a ficha de que tudo que eu tenho hoje, era somente sonho há anos atrás. Estava no automático a um tempo, sempre tive tendência a fazer toda a rotina ou até mesmo mudá-la de forma robótica. Mas quando dei por mim, estava aos prantos com medo de perder. De perder a volta pra cá, de perder a garota dos sonhos voltando pra mim, de perder os melhores passeios, de perder meus pais me aceitando... Foi uma emergência correr de noite até a casa dela, sem sentir frio, sem sono, mesmo cansada. E o robozinho aqui aprendeu a chorar somente no seu colo... Agora, não posso mais viver sem. Vai ser sempre mais ou menos essas falas, essas lágrimas, mas de alívio por saber que não, eu não estou sonhando!
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
Comentários