Vai me fuzilando ouvir a voz fraca no celular. Vai me matando aos poucos, sentir que no fundo, eu quero, mas é como se não pudesse. Sinto em parte, indiferença. Não sei se vem do cansaço, dessa luta por um dia de paz plena, sem mentiras nem segredos, se vem do sábado com o céu lindo (realmente, você tinha razão). Não sei. Não quero ninguém me lambendo a boca, e me enchendo de elogios a não ser você. Não penso em ficar famosa também. Não, não sou exibicionista. Até muito quieta, na minha. Me chamavam de autista lembra?
Mas e aí? A vida que a gente leva, leva a gente pra onde?
Carros e pessoas vendo lágrimas, ouvindo gritos?
Ciúmes do chão que se pisa, lembranças de dias infelizes?
A dor de sentir fraqueza, ou melhor, não sentir nada, estar anestesiada?
Minha carne precisa de socos, pontapés. Não por desmerecimento do melhor. Lembra do susto que pedi? Me deu. Mas não era desse que eu estava falando. Eu estava falando de me olhar nos olhos, e planejar essa rotina maluca que me tira o sono e a concentração pra estudar. De dizer o que vamos fazer. E de mostrar quem você é.

Pois é... depois do outro susto que me deu, eu perdi um pouco da referência: quem é você? Do que você realmente gosta? E por que, acreditou que eu, era uma boneca, sem vida e sem fala? Me explica, por favor, e minha boca, não merece nada? Nem fala, nem beijos? Eu amo bocas sinceras, se não houverem outras, me permito à solidão. Sempre fui chata assim mesmo. Eu amo bocas com respeito também. Mas e aí? Adianta nada, ir à procura de outras, é. Adianta merda nenhuma. Adianta me iludir com porra nenhuma. Adianta eu ficar quieta, autista, amiga de um computador. Namorada de palavras, cadernos com falas ridículas. Namorada de lembranças que me causaram dor demais. Inferno de dor! Que não sai. Que diz que vai sair, mas nunca diz quando! É... vai saber eu nasci pra morrer, deitada, num quarto, enquanto o mundo se diverte num carnaval.

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