De ontem pra cá, minhas insatisfações foram um balde cheio, jogado pela casa, e quase todo mundo acaba se molhando um pouco aqui ou ali. Mas minha maior preocupação é quando minha vontade não é de socar alguma parede, ou socar alguém. É quando não sinto nada. Quando a indiferença toma conta. Talvez eu não ame mais. Talvez eu tenha cansado desse ciclo ridículo, dos mesmos inconvenientes, de ser posse. Não quero ser mais do que eu mesma, dona de mim, das minhas idéias, do que visto, como, quero. Não quero ser mais do que valorizada, um abraço necessário nas horas de amor ou tristeza. Quando bate essa dor maligna no meu peito, poder ouvir coisas que me façam reagir da melhor forma. Um pouco de carinho, que me dê sede de prazer. Eu quero é viver mesmo. E pelo que parece, tenho vivido a vida de outra pessoa.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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