As minhas malas me dizem certas horas que é melhor a gente se mandar. Eu não sou quem você quer, eu escuto sempre isso. Não me pareço nada com seus melhores amigos, com seus ídolos, com seus sonhos, com sua vida. Eu não me pareço com quase nada. Eu sou só um fiapo de gente perto de todos que andam me rodeando. Eu nem nunca liguei por ser um grão de areia tão insignificante, mas hoje eu vejo que estou me perdendo, aos poucos, de tudo que já fui um dia. Meu corpo já não sente nada, ás vezes, somente fome. E sinceramente, qualquer coisa que estiver na geladeira já me satisfaz.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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