Desculpe o mau jeito, o abraço torto, a mão sem lugar. Mas a gente vai desacostumando o que é receber carinho sem medo de se entregar. A voz fica rouca, nem abro a boca mais. E eu vou me enterrando aos poucos, com as caixinhas que não cabem mais cartas de amor...
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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