Muito provavelmente, nada voltará a ser como foi um dia. Meu cabelo, minhas unhas, minha pele, nossas conversas... as músicas recentemente lançadas que são a nossa cara, já não fazem tanto sentido. Minha covardia talvez aumente, ou desapareça de uma vez por todas. Não é orgulho, mas a vontade de colocar tudo em seu devido lugar me faz perder o controle sobre o que sinto. Desejo e dever não são compatíveis. Eu vou deixando as paredes brancas me engolirem, apago a luz e digo as mesmas palavras a Deus. Hoje foi um dia bom... obrigada. Eu vou levantando as questões mais complicadas dentro da minha mente. Onde foi que eu fui parar? Naquela calçada, naquelas ruas, onde foi mesmo que me perdi? Onde foi que enfiei aquele meu medo de amar, que não me deixava chegar tão perto de ninguém? E onde estão meus sonhos? É que hoje endureceu tudo, meu chão me prende com tanta força que se quer me lembro quantas coisas boas consegui de uns tempos pra cá. Eu só quero uma saída desse labirinto maluco em que entrei. Um belo dia saí de casa, onde ninguém confiava mais em mim. As coisas até pareceram voltar ao seu lugar, mas cá estou, longe de tudo que fui e que tive. Talvez seja por isso que dói tanto quando me exigem um pouco mais de estabilidade e de compreensão. 

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