E agora a menina está assim. Não quer mais saber por onde vai, que horas volta... simplesmente colocaram pedras nos bolsos, amarraram junto aos pés. Disseram que ela estava voando demais. Fora de si. Mandavam voltar pra esse planeta, mas ela desembolava a falar de estrelas. Aí fui perguntar como seria o céu. Mas ela não quis responder. "Exagero deles". "Eu só não vou mais deixar de viver, nem de conhecer o outro mundo". Que mundo? "Shhh. Esse aqui...". E pôs a mão onde fica seu coração.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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