Eu havia parado de contabilizar possíveis perdas. Sei, que lá no fundo, não perdi quase nada. É que não dá pra se perder o que na verdade, nunca se teve. Então, o que eu tinha era tão pouco... o que acontecia, era que o que eu construía sozinha, aqui dentro, todos os planos, supostos sonhos e a minha tão sempre determinação, deixava transbordar minhas conquistas. Soa muito prepotente isso tudo, eu sei. Soa pouco humilde também. Mas eu juro que é verdade. Sobrava feitos da minha parte. Eu entregava ao outro lado, e pronto, me sentia satisfeita. Agora é aprender a conter certas coisinhas. Sonhar pra mim. Me vestir pra mim. Crescer pra mim mesma. Parece óbvio, mas isso de ter e não ter um amor, deixa tudo confuso e perdido.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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