Não deveria ser permitido escrever aos domingos. Não pra mim. A cada domingo, eu poderia ter uma crise de amnésia. Poderia engolir automaticamente esse ar embolado que entra por minha boca e desce feito um canhão por minha garganta. Eu só quero me entregar em algum lugar por aí... e aos domingos a vontade aumenta. Seja na cama, seja nos (a)braços, seja na rua, seja dessa janela. (Nesses dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos).
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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