A gente mal sabe se abraçar. Nas horas de deixar as palavras mais puras, menos elaboradas saírem da boca, a língua enrola. A gente mal sabe dar nome a sentimentos. E temos uma longa história cheia de detalhes que incluem bonecas dormindo, acordando com medo, presentes chegando, castigos com olhares, cenas de brigas e medo, muito medo. Mas daí, eu cresci forte, aprendi a falar pouco mais firme, assim como ele, tenho a mesma cara quando cansada, a mesma frieza para mil coisinhas. Deixei o tempo levar um bocado de coisa ruim embora, fechei e abri meus olhos. Dói crescer e perceber que eles não são tão brilhantes. Tão corretos. Que pode dar tudo errado. Que no fundo, eu posso estar sozinha. É, e estou. Mas a única certeza que peço, (e não sei pra quem peço ao certo, mas ás vezes até suplico), é que eu tenha um chãozinho firme, uma mão desajeitada segurando meu ombro, e essa cara que me olha e mesmo dizendo que minha voz é mole demais, sabe lá no fundo do que realmente eu sou capaz. Eu nunca te vi como um grande amigo, mesmo. Mas seus jeito ciumento diz que você gosta de mim. E o espelho, meio côncavo e outros dias convexo que eu tenho, deixam hoje as melhores marcas. Se tem uma voz no telefone que me anima e me deixa em casa, é a sua. E eu quero ser um dia uma mãe, do jeito que você é meu pai.

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