Volto a caminhar cabisbaixa, devido a esse meu mundo tão conturbado. Digo que sinto medo quando percebo o quanto estou longe de todos que me acostumei, de cada um que costumava me rodear e me arrancar sorrisos. Todo mundo cresceu. Mas isso não era motivo pra deixar tudo triste. Tudo tão cinza. Eu me recordo de todo mundo, tem dias, que com mais facilidade. E vejo que o lugar que antes parecia me pertencer pra sempre, acabou ficando pequeno demais. Restrito demais pra mim. Nada de sonhos, eu cresci, e nesse mundo onde todo mundo tem que saber fingir e dizer bom dia, mesmo achando o dia um horror, eu aprendi também a me esconder de quase tudo. Caíram por terra, os sonhos. Eu tenho uma lista no papel, com algumas metas e prazos. Me arrancaram um pedaço da alma, me tiraram aos poucos a vontade de amar. As pessoas sentem medo de que eu sinta amor, e agora, quem começa a sentir medo, sou eu. Me tranco, de novo, nos pensamentos mais pessimistas. O dinheiro nunca será suficiente. Minhas metas são utópicas demais. Minhas pelúcias estão trancadas no guarda roupas. Chocolate não me faz feliz. A única vez em que amei, bem, eu não quero mais me lembrar disso. Eu procuro um amigo nos olhos de quem aparece no ônibus. As pupilas de todos eles se contraem. A minha dilata, procurando por luz.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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