Não tem lugar mais vazio e mais cheio de gente como meu quarto. Se abre a porta, e me vê num canto, sentada na cama, escrevendo, não se engane. Existem várias pessoas aqui. Escondidas no guarda roupas, entre fotos, nos brincos, nos colares pendurados. Nos meus perfumes tão extremos. Meus amigos estão nos desenhos, pendurados em papéis, rabiscados na parede. Minha família estampada nos livros e em todas as minhas espinhas. Tem gente por aqui que mal conheço. Mas entrou, e ficou. E algumas eu não queria nem lembrar então joguei pro lugar mais extremo, no fundo de todas as roupas e papéis, no fundo dessa bagunça que a gente sempre tem no quarto. E eu acho que é por isso, que não me sinto tão só. Na teoria, meu mundo está sempre cheio.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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