Duas dúvidas quanto a guardar amor: Será que um dia mofa, se eu não entregar logo a alguém? E será que funciona depois de muito tempo guardado? É que me funde a cabeça pensar no quanto eu poderia ser (mais) feliz se não sentisse medo de entregar tudo que tenho, de encarar as faces medonhas de vários julgamentos que sempre vieram e sempre virão ao meu encontro, quando posso ficar feliz. Se tenho pouca idade ou pouca história, se pareço bem demais pra querer ser ainda mais feliz, se pinto as unhas de rosa, se leio babaquices românticas esperando o meu dia, se me porto sempre com um sorriso que ameniza a dor de qualquer um aqui dentro, não quer dizer que eu não mereça almejar mais nada. Não quer dizer que sei pouco da vida, ou que sou fútil. Quer dizer bem mais, mais do que esse pouquinho que sei que sou. E pra falar a verdade pouco é a gente que sabe mais do que esse pouquinho de mim.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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