Existem dias que precisam de resenhas. Ou parte de uma resenha. Existem coisas que se quer merecem ser descritas. Meu medo é não saber descrever como realmente deve ser descrito, rico em detalhes, cheio de curvas, com as devidas decorações de pé de página. Mas eu posso tentar. 

Prefiro não contar nada pelo início. Eu gosto da parte em que, depois de sentir muito ódio, corri inconscientemente pro meu lugar de refúgio. Vendo a lagoa, reconheci e me lembrei de muita, muita coisa. Meu lugar favorito estava ocupado e eu não estava nem um pouco exigente, sentei onde dava e onde haviam mais lembranças. Não me importava com elas. Não tanto. Como sempre, fiquei ali parada, sem muita ação esperando que alguém aparecesse e me salvasse de tanta dor. "Ai, como eu sou dramática". Não que eu seja, mas estava. E estava porque precisava estar e não havia sido durante um bom tempo. Todas as cores já me trouxeram um ar melhor, e eu consegui acompanhar os pássaros e suas coreografias bem em cima de mim, por cerca de trinta minutos, sem me cansar. Eu esperava alguém, que não era somente alguém, mas que sempre faz toda a diferença. O problema com amigos sou sempre eu. Não gosto de dar trabalhos, não gosto de dar dor de cabeça. Mas no fim das contas, eu dava mesmo, e precisava um tanto de um abraço apertado... Ele tem a fama de se atrasar sempre, mas pra mim chegou realmente na hora certa. Tive tempo de relembrar e analisar várias coisas, procurando todos os motivos por quais eu deveria lutar por mais sorrisos. E de repente eu enxerguei aquele passo aberto, apressado. Ele só se aproximou e eu desmontei. Nem o "oi" eu respondi com nitidez. Foi como vomitar toda uma merda, a qual eu havia engolido por não haver lugar pra deixar. Deixei debaixo daquela árvore, quase tudo que me corroía. Recebi vários conselhos e algumas soluções se resumiam em "foda-se". Mas e daí? Eu não queria mais pensar tanto antes de sentir, nem deixar de sentir nada mais. Então odiei, muito, com força. Desejei mal. Cuspi o nome. Depois chorei, coisa que não fazia direito. Expliquei pra mim mesma o porque de eu não conseguir conviver com tanta falsidade. Me recuso. Não mereço. Não vou. Sorri no final, dei até umas gargalhadas com frases do tipo "como fui tola.". Mas eu fui, não sou. E sinto um futuro um tanto claro pra mim. 

Entre pasteizinhos e casos engraçados, saí de lá achando a noite incrível. Não senti frio como de costume. Eu tinha o conforto dele. Só parei pra sorrir pensando em tudo, depois da pizza, de me ver em outra casa, com gente nova e receptiva. Ele ria de mim quando eu dizia sorrindo que existem dias de reconstrução e a gente nem percebe. Os outros liam textos do Gabito, e eu mesmo morrendo de medo de ficar melosa ou piorar a situação, acabei ganhando um livro. Depois do filme e de acordar no meio da noite, disse sozinha que ele havia me salvado. Dormi.


- Gente, olha lá fora o dia tá lindo!
- Linda é minha cama e meu quarto escuro! 

Saí sorrindo vendo a avenida com o sol inteiro pra mim.

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