Receio não ser nada, além do que pareço aos desconhecidos, que sabem somente minha idade. Nada além disso. Receio que não mude, que não saia do lugar, mesmo com as mãos dadas querendo se soltar pra correr sozinha. Receio que eu esteja ilusionando tudo isso: as mãos dadas, as pessoas que não me conhecem e um par que não tem nome. Falta nome mas tem uns carinhos de par, beijos de par, meias e escovas de dente de par. Mas se é, eu receio não saber.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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