Quando morrer, posso virar puta. Escrota, demoníaca, estúpida e até assombração. Mas por favor, não me façam virar santa. Nunca fui, nunca serei. Mania de ser metódica e o destino que sempre me faz parecer uma garota caxias, sempre tão correta, me corrompeu a vontade de um dia me doar por aí. Me acostumei a sorrir com o amor, quando tanto acreditei nele. Me acostumei a chorar a cada perda. Aprendi a falar palavrão com meus irmãos, todos homens e sempre sedentos pelo proibido. Pulei o muro da escola por prazer e fiquei de castigo. Batia em qualquer um na escola se falassem da minha mãe, se dissessem que eu estava namorando algum garoto. Ambicionei o sexo desde nova, com um toque de inocência ao perguntar sobre os bebês, mas sempre querendo chegar no ponto certo: como deveria ser me entregar. Tudo certo? É melhor deixar essa minha imagem por aqui. Mesmo que não dure muito tempo. Me sinto culpada, estranha. O corpo pede uma coisa, o coração diz outra. Eu durmo, acordo e quando me pego com dores no corpo, me condeno: castigo, castigo... Quem mandou essa menina ser assim?
Todo esse tempo me pareceu um treinamento. Acordar cedo, me preparar e aproveitar mais um dia, como se fosse um a menos na solidão. E assim o fiz. Contei na verdade, as cartelas do remédio que todo todos os dias tomo pra controlar meus hormônios. De fato, se ele controla tenho gratidão. Mas convenhamos que procurar outro remédio poderia ajudar mais. Por todo esse tempo eu me entreguei a todos os sentimentos possíveis. Mas era como um treino, onde eu teria que ser cada dia mais e mais forte. Sinceramente posso dizer que não existem de formas sólidas, nenhum vínculo mais com aqueles lugares. Com aquelas pessoas. Talvez meus pais me olhassem mais a fundo e veriam que eu estou em desespero pra voltar. Mas se eu trato de falar sobre estudos, eles esquecem. Toda essa coisa de oportunidades... tudo isso me trouxe aqui. Mas, mais uma vez não sei dizer se vejo as coisas com uma cara tão boa assim. Feliz mesmo seria se eu tivesse largado todo aquele lado de lá, a fim de não ter a cabeça e
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