Quando morrer, posso virar puta. Escrota, demoníaca, estúpida e até assombração. Mas por favor, não me façam virar santa. Nunca fui, nunca serei. Mania de ser metódica e o destino que sempre me faz parecer uma garota caxias, sempre tão correta, me corrompeu a vontade de um dia me doar por aí. Me acostumei a sorrir com o amor, quando tanto acreditei nele. Me acostumei a chorar a cada perda. Aprendi a falar palavrão com meus irmãos, todos homens e sempre sedentos pelo proibido. Pulei o muro da escola por prazer e fiquei de castigo. Batia em qualquer um na escola se falassem da minha mãe, se dissessem que eu estava namorando algum garoto. Ambicionei o sexo desde nova, com um toque de inocência ao perguntar sobre os bebês, mas sempre querendo chegar no ponto certo: como deveria ser me entregar. Tudo certo? É melhor deixar essa minha imagem por aqui. Mesmo que não dure muito tempo. Me sinto culpada, estranha. O corpo pede uma coisa, o coração diz outra. Eu durmo, acordo e quando me pego com dores no corpo, me condeno: castigo, castigo... Quem mandou essa menina ser assim?
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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