Imagine uma circunferência, colada na parede do quarto. Detalhando ricamente o ciclo do que sinto. É, exatamente assim. Não que seja sempre tudo igual. Mas certas coisas insistem em se renovar. Daí, de tempos em tempos, no meio da noite, tenho sonhos que poderiam remeter a coisas ruins, mas não. Eu não consigo guardar rancor. Mágoa, raramente. No máximo me afasto, prefiro a distância. Meu ódio dura pouco. Quase nada. O que aumenta é o que sinto por mim. Me faz mal lembrar de coisas ruins, me atrasa. E quer coisa mais estranha que sentir dor de inconveniência, quando se sente rancor? Bom, é nessa parte do ciclo que estou. Limpando o espírito de tudo que possa me atrasar ou tirar meu sorriso. Ou fazer desse frio lá fora, ainda mais congelante.
Deixa lá os espinhos de quem quer criá-los. Deixa cá minha mente em paz. Quero voltar a escutar todas as músicas, comer os doces que hoje ainda recuso, beber as coisas que deixei pra lá. Quero poder usar qualquer perfume, sentir qualquer perfume no elevador, sem sentir ânsia olhando pra alguém que nem conheço. Quero ler coisas antigas e não sentir pena, raiva. Só mesmo ter a ideia fixa do que existiu, teve início, meio e fim. Que aqui, ainda sou eu, e ainda há tanto aí pra preencher o meu mundo.
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