Sem tempo pra pensar. E mesmo assim, ainda consigo ter a cabeça latejando. Lateja estranho, como se fosse a dois anos atrás. Tudo de novo, só que diferente. O que lateja não é por raiva, ódio ou repulsa. Acho que é porque o calor voltou. Não deve ser porque fui ingênua demais, por tanto tempo e a sensação é de que serei sempre, ingênua a ponto de sorrir ao diabo e lhe apertar a mão. Nem mesmo por todas as lembranças ruins que hoje fazem todo o sentido do mundo. Todos os dias sem explicação hoje sorriem pra mim, dizendo que fui tola. Todos os lugares que mais gostei de andar, hoje me causam pavor. Mas o que me faz latejar de dor é que tenho tanta coisa boa a fazer e não consigo. Pedro Juan estava na melhor parte e não o quero mais. As músicas entram e saem sem diferença alguma. Está quente, dispensei a coberta mas senti pânico na madrugada sem elas. Preferi suar. Preferi não olhar ipês, nem o sol, nem escolher refrigerante, eu não mereço. Preferi chegar em casa e cerrar tudo com mais trabalhos.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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