E crescendo se vê, que perder é mais normal do que parece. Cheguei a pensar que estivesse na moda, ou coisa assim. Não que seja exatamente bom. Mas é engraçado como os fracassos sociais fazem a vez e a vida das pessoas e como é normal esconder tudo debaixo do nariz. Existe uma obrigação de estar e ser feliz, ser uma salvação pela facilidade de hoje, porque a geração passada sempre foi e sempre será a melhor. Existe um esforço máximo ao trabalho, ou então esforço mínimo, uma desistência que faz qualquer um escrever na sua testa: "perdedor". Ou se morre por um, ou por outro. Ou luto até conseguir ser a melhor, com a sensação de nunca chegar lá e ficar careca ou deprimida por isso, ou encaro a distância do podium e engulo o futuro e vomito depois como der. Há um esforço enorme para não se mostrar sozinho, simultaneamente não se mostrar casado. Entrega-se às escuras, com medo de se perder. Sob as luzes, dança-se sozinho ou com desconhecidos, com medo de perder pra eles. Ao telefone pela manhã as vozes afinam, mais uma vez... por medo de perder. Rifam-se amizades, pra colar no álbum de figurinhas, mesmo sabendo que se trata de um livro inanimado, perdendo de novo. Ou melhor, não ganhando nada. É um jogo de tabuleiro, desses com obstáculos, provas, casinhas pra voltar. Mas a maioria ainda não entendeu que se quer saiu do próprio quarto, e mesmo nesse jogo besta de tabuleiro, não chegou ao fim primeiro.

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