E crescendo se vê, que perder é mais normal do que parece. Cheguei a pensar que estivesse na moda, ou coisa assim. Não que seja exatamente bom. Mas é engraçado como os fracassos sociais fazem a vez e a vida das pessoas e como é normal esconder tudo debaixo do nariz. Existe uma obrigação de estar e ser feliz, ser uma salvação pela facilidade de hoje, porque a geração passada sempre foi e sempre será a melhor. Existe um esforço máximo ao trabalho, ou então esforço mínimo, uma desistência que faz qualquer um escrever na sua testa: "perdedor". Ou se morre por um, ou por outro. Ou luto até conseguir ser a melhor, com a sensação de nunca chegar lá e ficar careca ou deprimida por isso, ou encaro a distância do podium e engulo o futuro e vomito depois como der. Há um esforço enorme para não se mostrar sozinho, simultaneamente não se mostrar casado. Entrega-se às escuras, com medo de se perder. Sob as luzes, dança-se sozinho ou com desconhecidos, com medo de perder pra eles. Ao telefone pela manhã as vozes afinam, mais uma vez... por medo de perder. Rifam-se amizades, pra colar no álbum de figurinhas, mesmo sabendo que se trata de um livro inanimado, perdendo de novo. Ou melhor, não ganhando nada. É um jogo de tabuleiro, desses com obstáculos, provas, casinhas pra voltar. Mas a maioria ainda não entendeu que se quer saiu do próprio quarto, e mesmo nesse jogo besta de tabuleiro, não chegou ao fim primeiro.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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