Havia me apegado ao brilhante fato de estar distraída, e assim, condizer o quanto encantador pode ser admirar alguém e por acaso, talvez, mas sem pretensão alguma, ser admirada de volta. Pensando nisso, guardei a sensação ruim, de que, sabendo de tudo a todo tempo estaria perdendo tudo. E pior, estar distraída, seria então, não captar todos os detalhes? Porque não sei, não me controlo, mas quando assusto me pego contando mechas de cabelo e analisando cheiros no supermercado. Não vejo nada disso como ruim. Não quero ver. Porque além de todos os detalhes que não consigo resenhar em palavras, eu sinto que há uma distração nada intencional em assistir alguém dormir, em sentir gosto por cortar o dedo e não estar sozinha, em querer comer de novo e de novo o que ela cozinhou e em simplesmente acordar e dormir sem sentir frio. Acho que somos distraídas o bastante para viver em paz, três dias sequenciais como se fossem onze meses. Onze meses e é como se fosse ontem, tudo isso.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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