Desenho da forma mais crua possível, se é que isso é desenhar. Tudo sempre redondinho e fofo que fico com medo de não crescer mais. Sempre com o pé, aliás os dois pés nesse mundo que custa a me deixar bem... porque confortável não é necessariamente bem. Até outro dia eu tinha medo de usar vermelho na boca, coisa de mulherzinha que não sou. Não sou mulherzinha, nunca me encaixei no mundo mulherzinha e sinto uma falta danada de entender isso. Tanta vontade dos que disseram que ficaria bom e eu usei vermelho na boca, na orelha, nos pés e com medo de parecer algo que não sou, como fresca (procuro adjetivos, mas não os encontro e escrever é urgente agora), saio de casa com um "foda-se" escrito na testa, desperdiçando bons momentos ao ver crianças dentro de ônibus e não sorrir. Porque ás vezes acho que só elas me entendem. Têm toda a pretensão do mundo naqueles olhos, mas infelizmente não o fazem pelo tamanho nada avantajado. E eu era bem melhor, quando era criança, era mesmo. Eu falava, bem mais do que escrevo hoje, e escrevia bem mais do que como hoje... não usava vermelho mas também não tinha um pingo de medo dos adultos nos ônibus. E o que me faz mulher é ter que levantar todos os dias com minha vida quase toda sendo feita por mim, quase. É distante de mim, entender e aceitar que vermelho não faz ninguém mais velho ou mais novo, que pegar ônibus e sorrir pra qualquer criança não me deixa mais imatura. Falta um encaixe, entre o céu e o inferno, essa passagem que é crescer. 

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