Eu esperei até o fim da conversa, pra tomar coragem e perguntar se por acaso não se sentiria bem caso algum dos seus amigos ou conhecidos, zombassem de alguém que namora uma criatura seis anos mais nova e com espinhas no rosto. Mas no meio da frase, seu sono foi bem maior do que qualquer coisa e eu sempre entendo que todas essas coisas soam como o destino quis assim, então deixa ser. Eu ainda piso em ovos, porque cautela nunca é demais e eu sempre tive uma espécie de receio com o que sinto. É que explode, e eu tampo os ouvidos e o nariz, fecho os olhos e a boca esperando meu corpo estremecer. Depois do boom eu sinto que fui mais feliz assim. Mas com você diante de mim, o olhar que não foge mais, e quando deixa de falar de sexo do modo mais superficial, que eu sei que te faz mais forte ou menos vulnerável, pra dizer que eu consigo esquentar a cama e que quando chegar, vai ter churros ou um desses pratos que sabe fazer melhor do que qualquer um, me ganha. Eu só quero ter por perto, sempre que eu puder, a mulher que me faz bem só com o jeito de olhar e sinceramente, não me cobra a metade do que realmente merece.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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