- Não adianta chorar por tudo. - Apareceu do nada
- Não sei se adianta. Mas eu nunca choro.
- Não fisicamente, literalmente. Mas anda chorando sempre, sempre. De dia, de noite, escondido. Até de você mesma.
- Então quer dizer que é sábio o suficiente para me contar o que escondo de mim mesma?
- Nem ficar agressiva adianta. Nada disso.
- Você ou alguém quer me dar uma solução?
- Tenha paciência.
- Algo viável por favor?
- Mais paciência.
- Eu disse viável.
- Durma, mas acorde. Saia, mas volte. Brigue, mas perdoe. Ame.
- E... quer dizer, mas...
- Só isso basta.
- Jura? Vai dizer que não existem vários poréns nesse verbo?
- Tem, claro que tem. Mas deixar de amar não te fará melhor ou maior. Dormir, desaparecer ou brigar, não te faz, necessariamente deixar de amar.
- Nem sei porque rotulam tanto as coisas de amor. Nunca se sabe, exatamente o que é.
- Ou então se sente receosa demais de amar de verdade.
- Se eu sinto que amo, é de verdade.
- Sim, eu acredito. Mas falo da cor do seu rosto, quando percebe que pode, nao receber de volta, as coisas que entrega.
- Por isso esperei o "mas" na frase sábia que disse.
- Cobrar amor de volta é feio.
- Sei disso, desde criança.
- Então, porque o faz?
- Não faço.
- Certeza?
- Sim, só amo.
- Não acredito, desculpe.
- É que só amar ás vezes não dá pé.
- A vida não é rio.
- Parece, e muito.
- E se fosse, então, o que faria pra não afundar, já que não dá pé? Ou melhor, pode não dar pé?
- Eu voaria. Sempre voaria.

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