Lavamos todas as roupas. Ela lavou. Com aquele ar de quem precisa limpar tudo de uma vez só. E eu assisti com uma leveza que chega a ser fraca. Acredito que nunca me sairão as pulgas, as que ás vezes não me deixam dormir. Não entendo porque em mim. Mas resolvi deixar pra lá. O que tiver que ser, serei só, serei dela e de mais ninguém, serei minha e querendo ser talvez. Não quero explicação pro que me formiga as pernas, corrompe meu amor, me deixa fraca e sozinha, com cara de vilã. As roupas sujas de hoje, estão aí, limpas e secas, já que esse sol sempre me favorece. Então... rodopio os olhos sem me mexer. O espaço da cama é pouco, ela me aperta os braços. Pretendo não reclamar do presente, não planejar o futuro. Meu passado já era faz tempo. Eu vou mesmo é aumentar o volume do samba, que mesmo chorando me mata de rir.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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