Sei mais nada, de fazer silêncio quando é preciso, de pedir pra não deixar morrer. De querer e saber que quero e dizer que quero e não deixar morrer. De fazer por onde, deitar com sono, dormir sem fome, sem sede, sem dúvida. De lembrar do rosto, lembrar que erro, lembrar que amo, querer de novo e mais, pra longe, pra cá, junto de mim. De tocar e ver, ver e olhar, mas olhar e enxergar, deixa esquentar. De deitar e rir, gargalhar, correr sem fugir, ligar o peito, desligar a cabeça. De ouvir a voz e derreter, deixar molhar, deixa escorrer, deixa chorar, deixa gemer, deixa gritar, deixa. De dormir, sonhar, acordar e enfim, não deixa, não deixar morrer.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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