Aquele tempo milagroso, onde qualquer riso era fácil e farto, qualquer programa parecia o melhor, qualquer fim de tarde bebendo coisas ruins, falando sobre nada parecia a melhor coisa do mundo, um passado rico em felicidade, em pessoas animadas, hormônios aguçados, fertilidade para o amor, hobbies raros, gostos compartilhados, uma explosão de sorrisos e gargalhadas que ainda escuto quando ouço todas as histórias. Mas eu, bem, eu sempre chego tarde. Sempre atrasada para o melhor que a vida já deu.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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