Diz que sempre fala tudo e tem uma pose de quem gênio forte, não aguenta calada e não sofre por nada, com o rosto rígido, fechado pro mundo próprio. Mas reconheço cada traço inseguro. Na falta de fala que na verdade é mais ausente do que parece, no gaguejar que se esconde com uma espécie de pausa reflexiva antes de terminar as palavras, e estas, se alongam deixando a frase lenta, profusa. Nessa hora, dirige o olhar para o "nada", sem foco algum e mexe as mãos um pouco fora do ritmo. Algumas frases se repetem, uma, duas vezes, reafirmando algumas coisas, que eu acredito não poder esquecer nunca. Mal sabe disfarçar o que desgosta, olhando pra mim, mas me engole, sem cuspir nada, e ás vezes se pega rindo sobre o quanto sou diferente do que ela sempre olhou nas morenas por aí. Talvez acorde do meu lado e vendo o quanto sou branca, se desespere, ache graça do que fez. E a graça vem da frase que ela disse algumas vezes, sobre eu ter que amá-la pra sempre. Quase cena de filme, logo comigo, eu quis rir. E ela explica, esperando ser correspondida, que ela vai.

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